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Millenium: Os Homens que não amavam as Mulheres - Resenha

Millenium é uma série forte, antes de tudo, com cenas bem desenvolvidas e uma trama bem amarrada. Escrita pelo sueco Stieg Larsson, o primeiro volume é iniciado com um mistério e com um julgamento: Henrik Vanger, um senhor milionário, é atormentado há quase quarenta anos pelo desaparecimento de sua sobrinha, Harriet Vanger; Mikael Blomkvist, um jornalista econômico, é sentenciado por difamação e aceita sua pena sem contestar ao publicar um artigo que, aparentemente, denunciaria um esquema vasto de corrupção do magnata Wennestrom. Entretanto, a matéria cai e se torna o fim da carreira de Mikael. 
Henrik propõe a Mikael que descubra a verdade sobre o suposto desaparecimento de sua sobrinha e que escreva uma crônica sobre a sua família, o segundo item é usado como justificativa para as perguntas do jornalista e sua pesquisa no passado do clã Vanger. Paralelamente, Larsson nos apresenta a protagonista Lisbeth Salander, uma hacker inteligente e hábil em brigas e invasões, mas que é considerada doente mental por sua atitude antissocial em todos os exames psiquiátricos em que foi analisada. Lisbeth ganha a vida vasculhando os segredos alheios na agência de segurança Milton Security e posteriormente se une a Mikael para desenterrar a verdade que envolve Harriet Vanger.
Em Os Homens que não amavam as Mulheres, o autor usa e abusa da violência em quase todos os pontos altos da estória, desde a violência mental até a sexual, e há a crítica do trabalho da mídia em explorar e apontar os acusados desses crimes contra as mulheres. Os pontos altos da estória se devem à personalidade de Lisbeth e ao desenvolvimento da investigação sobre a família Hanger, mas o livro sofreu várias reimpressões e, consequentemente, várias traduções até a sua versão mais atual, o que de certo modo ainda deixa alguns parágrafos densos e grandes. Os pontos baixos estão na tradução, pois alguns termos em inglês não foram traduzidos, o que deixa o leitor perder o fio da meada durante a leitura - faltou aí um pouco de preocupação com o leitor que não conhece o idioma -, na vasta cartela de personagens secundárias introduzidas que, muitas vezes, mais atrapalham do que ajudam a esclarecer alguns pontos da estória. 
Millenium teve adaptações cinematográficas sueca e norte-americana, sendo a primeira considerada por muitos a mais fiel, enquanto a segunda é considerada como a mais realista das situações apresentadas nos impressos. Vale ressaltar que a versão sueca conta com a produção do segundo livro, enquanto a norte-americana só tem a adaptação do primeiro.
De modo geral, Millenium possui uma boa trama de ação e mistério bem dosados, além das alfinetadas do autor sobre o modo como o jornalismo deixou de ser sério para ser superficial e bombástico sem os devidos procedimentos de verificação e construção da estória a ser apresentada ao público. Dentre todas as personagens, vale se concentrar em Lisbeth, Mikael, Martin, Henrik e Harriet, as demais não causam tanto impacto no desenrolar da estória quanto aqueles citados anteriormente e os livros têm uma média de 350 páginas cada, havendo variação por volume.
Por fim, as obras de Larsson apresentam uma realidade próxima demais e que até assusta com a familiaridade em alguns casos, como os de estupro apresentados ou de fanatismo religioso, mas que são levados ao extremo na ficção e por isso marcam Millenium como uma série muito boa e muito bem amarrada.

Nota: 4,8 de 5

Dicas para quem quer comprar
Cada volume sai na média de R$ 50,00, mas lembrando que há o box dos três primeiros volumes e recentemente o quarto volume chegou às prateleiras brasileiras. Os preços variam das lojas virtuais e físicas, portanto há mais desconto nas lojas virtuais. Recomendo que comprem ou peguem emprestado o primeiro volume, se ele te prender (como fez comigo), leia a continuação (ela também vale a pena). Ou baixe o arquivo em PDF.
Qualquer sugestão, crítica e afins são bem vindos.
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