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O Iluminado - Resenha


Stephen King é um gênio para o horror: ele simplesmente te prende do começo ao fim. O Iluminado não é diferente e entra com honra na lista global de clássicos King. Lançado em 1977, a estória ganhou a adaptação cinematográfica três anos depois e até hoje é um grande filme, tanto pelas atuações ótimas como a de Jack Nicholson quanto pelo terror psicológico desenvolvido a cada cena. O pontapé inicial se dá com uma entrevista de emprego, de um lado está Jack Torrance - pai, alcoólatra em reabilitação, desempregado - e do outro está o sr. Ullman - gerente, babaquinha pomposo de acordo com Jack e o homem com a oportunidade capaz de mudar a vida dos Torrance.
O emprego é relativamente simples: Jack trabalhará como zelador do grandioso Hotel Overlook durante o inverno e será acompanhado por sua esposa e seu filho. Entretanto, Danny Torrance, um garoto de cinco anos de idade, é o que King define como iluminado: alguém com poderes extraordinários, que consegue ler pensamentos e até mesmo ter visões ou vislumbres do futuro; ele tem uma visão sobre o Overlook e só se lembra de uma palavra: REDRUM.
O REDRUM é algo perigoso, um mau informe que irá machucá-lo e à sua família. Wendy Torrance, a esposa de Jack, é apresentada como uma personagem frágil, totalmente apavorada com a ideia de ser a sombra do que sua própria mãe foi e que quer desesperadamente salvar seu casamento, mesmo sabendo que os fatores externos desestruturaram seu lar mais do que qualquer evento interno. O Overlook parece ser a solução perfeita: eles passarão uma temporada isolados do mundo, no alto de uma montanha e à mercê da neve; serão dias felizes, recheados de atividades que estreitem laços familiares e que os façam perceber o quanto se amam, Jack e Wendy irão recomeçar seu relacionamento e se tornarão as pessoas bem sucedidas e intelectuais que eram antes dos problemas surgirem. É a partir daí que os dias felizes se transformam drasticamente no cenário perfeito de suspense e terror que King gerencia com maestria.
Conforme o sobrenatural se torna o pano de fundo dos capítulos seguintes, a família Torrance é submetida ao submundo do Overlook: um baile de máscaras de nunca termina, o grito na meia-noite para a retirada das máscaras no salão, o elevador que opera sozinho e está carregado de risos e serpentinas, as mortes violentas na suíte presidencial e a convidada permanente do 207. Todos esses elementos são bem utilizados e bem estruturados, de modo simples e que permitem que o leitor imagine o horror, o medo crescente, a respiração acelerada e a garganta seca de Danny ao encarar a porta do quarto 207 pela primeira vez. Essa vivacidade é passada com grande maestria, em cada momento, até mesmo nos instantes em que Jack se recusa a crer que está vendo outro Overlook e se agarra à lógica, mesmo sentindo em cada poro de seu corpo que algo está ali.
O crescendo da estória se dá com REDRUM e a mudança de Jack Torrance quando Danny diz que ele também viu o que o hotel pode fazer, mas nega veemente qualquer tipo de explicação do filho que não tenha racionalidade. Jack serve de fio condutor aos desejos do Hotel - nesse momento, o lugar se torna uma personagem, se transforma num ímã de violência, morte e mau -, e se torna o próprio Hotel. A mudança do humano para o inumano ocorre de forma explosiva, rápida e bem compreensiva e é outro ponto alto de O Iluminado, a maneira como a sobrevivência se torna uma prioridade para todas as personagens - o Hotel, Danny, Wendy e até mesmo de Dick Halloran (outra personagem com a iluminação) -, é descrita de maneira contínua e de fácil compreensão.
Dentre todos os pontos altos  do livro  estão a trama, bom uso das personagens e exploração de seus passados como ponto chave para que características marcantes apareçam de forma natural, o mundo sobrenatural criado por King coexiste com seus outros trabalhos de maneira coesa; tudo está bem amarrado e bem explicado, o que torna difícil encontrar um ponto negativo na estória.
Já o filme, é tão marcante quanto o livro. Para aqueles que leram a obra de King, há pontos na versão cinematográfica que não correspondem com aqueles contados no volume de 1977, entretanto levando em conta os recursos da época e a quantidade de detalhes dentro do mundo sobrenatural que se passa no Maine, não é a toa que o filme é consagrado como um clássico do cinema.

Nota do livro: 5 de 5
Nota do filme: 4,7 de 5

Dica para quem quer comprar:
O livro custa uma média de R$ 42,00 nas livrarias, tanto online quanto físicas. É um dos volumes mais vendidos do S. K., o que explica o preço. Outro ponto interessante: no Brasil, o livro possui poucas edições, o que preserva a obra e o sentido original durante o processo de tradução da editora. Recomendo, de praxe, Saraiva e Submarino. Ambos têm ótimos preços e prazos de entrega muito bons.
Qualquer sugestão de título ou correção de alguma informação, envie no Contato.

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